A “queda”, o suplício e o perdão da ordem do templo grego sobre o território dos líbios (séc. v a.c)

 

Wekslley Santos Machado*

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Resumo: Este artigo tem por objetivo tecer uma breve análise historiográfica acerca do surgimento e da “queda” da chamada Ordem do Templo, ou genericamente da Ordem dos Cavaleiros Templários, por volta do século XIV.

Palavras-Chave: Templários. Inquisição. Pergaminho de Chinon.

 

Criada em meados do século XII, a Ordem dos Cavaleiros Templários sempre foi alvo de grande mistério; Todavia, compreender o que a mesma representou para a construção histórica e religiosa da Igreja durante a Idade Média, é tecer uma interdisciplinaridade com relação à Inquisição e seu discurso anti-heresia. Como diz Barbara Frale (2005) “Uma história gloriosa (comum fim trágico) envolvida em mistérios e circundada de suspeitas que durante séculos alimentaram, e ainda alimentam curiosidades e lendas a respeito dos Templários”.

Em meio à luta pela conquista da Terra Santa durante as Cruzadas e visando tirá-la da influência dos “infiéis” irá surgir uma cavalaria disposta a manter seguros os peregrinos de Jerusalém que fora reconquistada pelos cruzados. Na abordagem de Alain Demurger (2010) “Inicialmente, foi nesse contexto oriental que nasceu a ordem religiosa e militar do Templo, por volta de 1120.”

Dessa forma, relatos das crônicas de Guilherme de Tiro apontam que, os primeiros cavaleiros a terem a iniciativa de consagrar-se à serviço de Cristo e prometer viver sobre o costume dos cônegos regulares, na castidade, na obediência e sem bens próprios foram Hugo de Payns e Godofredo de Saint-Omer.

Ademais, buscando uma definição para a expressão “Ordem do Templo”, para Alain Demurger (2010) é [...] Uma instituição original da cristandade ocidental que representa permanentemente o modelo da cavalaria de Cristo [...].

Contudo, a conduta moral de acordo com Barbara Frale (2005) quem se fazia Templário era tão peculiar que “A Ordem representava uma unidade perfeita no sentido cristão, uma comunidade de combatentes eleitos que não devia ser perturbada por comportamentos mesquinhos, irreverentes, vulgares.”

Em 1302 com a derrota da cavalaria francesa em Courtrai e grave crise econômica que afligia a sociedade francesa o rei Filipe, o Belo, decide fazer várias alterações nas moedas. Os Templários na época eram detentores de uma fortuna, que valia mais que o tesouro do Louvre. Porém, documentos encontrados não dizem a respeito se o Templo era devedor do rei em 1307. Assim, a ganância de Filipe, o Belo, fez com que este fizesse acusações contra os Templários para a Igreja, culminando assim em sua prisão. Cabe aqui a visão
de Régine Pernoud (1974) a qual esclarece que “Ao nascer do dia da sexta-feira, 13 de Outubro de 1307, todos os templários de França são detidos nas suas comendadorias.”

Alain Demurger (2010) revela que as acusações feitas aos Templários, são principalmente associadas à bula Faciens misericordiam, a qual teria sido redigida em 1308 e enumera as principais heresias que a Ordem teria cometido. Entre as quatro mais significativas estão o ato de negar e cuspir na cruz, beijos obscenos, sodomia e idolatria.

Com relação à posse dos bens do Templo, o autor reforça que de acordo com a bula Ad Providam, todos eles ficariam reservados à decisão e a disposição da sede apostólica, que pretendia utilizá-los em benefício da Terra Santa; porém, estes bens haviam sido tomados pelos agentes do reino em 13 de Outubro de 1307, na França, e nos meses seguintes, em outros lugares. Dessa maneira, embora o Papa Clemente V tentara colocar os bens sob a guarda da Igreja, eles acabaram ficando nas mãos dos príncipes.

Em contrapartida é notório expor que, embora tenham sido declarados culpados perante o Tribunal e consequentemente supliciados, Barbara Frale (2005) ao analisar o pergaminho de Chinon conclui que “As ações do órgão dependiam do fato de que o pontífice já havia esclarecido que os Templários não eram hereges [...]” Destacando esse argumento, comprova-se que de fato, os membros da Ordem do Templo foram perdoados pelo pontífice Clemente V.

Em suma pode-se dizer que, o tema Ordem do templo não morre. Diante dessa premissa, vale ressaltar a possibilidade de estar se pesquisando cada vez mais, procurando esclarecer e preencher as lacunas encontradas neste grande quebra-cabeça. Portanto, tentar desvendar esses mistérios envolvendo os Templários, é mais do que um uma simples pesquisa, é acrescentar mais sentidos ao seu próprio legado histórico.


Bibliografia


DEMURGER, Alain. Os Templários: Uma Cavalaria Cristã na Idade Média. Rio de Janeiro: Difel, 2010.

FRALE, Barbara. Os Templários e o Pergaminho de Chinon encontrado nos
Arquivos Secretos do Vaticano. São Paulo: Madras, 2005.

PERNOUD, Régine. Os Templários. Lisboa: Europa-América, 1974.

 

Wekslley Santos Machado - Lattes

Graduando em História pela UEMA

Membro e subcoordenador do Núcleo de Estudos Multidisciplinares de História Antiga e Medieval
(NEMHAM) (NEMHAM/UEMA)